Jornal Público
Universidades Seniores têm impacto positivo na saúde dos seus estudantes
Investigação de professor do Politécnico de Coimbra mostra que alunos da terceira idade estão satisfeitos com a sua vida e não apresentam sintomas de depressão ou ansiedade. Em Portugal existem cerca de 400 instituições deste tipo e 50 mil alunos inscritos.
As universidades seniores parecem fazer bem à saúde. Pelo menos é isso que indica a tese de doutoramento do investigador português Ricardo Pocinho. O estudo mostra que estes estudantes, que em Portugal se estimam ser cerca de 50 mil, apresentam índices altos de satisfação com a vida e baixos sentimentos de solidão. Além disso, não apresentam sintomas de depressão e ansiedade.
A tese de Ricardo Pocinho foi defendida, em Julho, na Universidade de Valência, em Espanha. Este professor de investigador, actualmente em funções no Politécnico de Coimbra, também foi professor em universidades seniores, entre 2011 e 2012, e tem dedicado os últimos anos da sua carreira às questões do envelhecimento. “Nos congressos, muita gente fala destas questões, mas não havia suporte”, explica, o que motivou este estudo.
O trabalho recentemente concluído aplicou quatro instrumentos de avaliação da saúde junto da população que frequenta as universidades seniores: escala de satisfação com a vida, escala de solidão, escala de depressão geriátrica e inventário de ansiedade geriátrica. Em todos eles, os resultados são positivos.
Os alunos das universidades seniores mostram uma média elevada de Satisfação com a Vida (25,9 numa escala até 35 pontos) e “escassos sentimentos de solidão” (28,66 numa escala de 18 a 72, em que menor cotação implica menor solidão). Os números recolhidos por Ricardo Pocinho indicam também ausência de sintomatologia depressiva (6,67) e ansiosa (6,65), duas escalas que vão até 30 pontos.
O estudo não fez comparações com outras respostas para pessoas na Terceira Idade, mas a maior parte dos respondentes já tinham estado ligado a programas de turismo sénior, voluntariado ou inscrito em centros de dia. “Todos identificam as universidades seniores como a resposta mais positiva para a sua saúde e bem-estar”, explica ao PÚBLICO Ricardo Pocinho.
A explicação pode estar num certo “clima de informalidade” que reina nestas universidades, que cria o que o investigador chama de “famílias escolares”. “Aqui as pessoas ajudam-se mutuamente, o conhecimento é baixado ao nível da prática e não há nenhum momento de obrigatoriedade de estudo”, exemplifica o investigador.
Portugal terá cerca de 500 universidades seniores em funcionamento. A Associação Rede de Universidades da Terceira Idade (Rutis) tem 280 registadas, às quais se juntam mais cerca de 200 associadas ao Rotary Club, bem como algumas instituições que não estão incluídas em nenhuma destas parcerias. Quantos aos números de inscritos, não existem dados além dos da rede Rutis, que apontam para 28.250 alunos matriculados, em 2011. No total das universidades seniores, a estimativa de Ricardo Pocinha aponta para 50 mil pessoas a frequentar esta resposta.
A maioria dos estudantes das universidades seniores inscrevem-se para aumentar os seus conhecimentos (47,1%), aos quais se juntam 19% dos alunos que indicam a necessidade de permanecer activo cognitivamente. O tempo livre surge como a segunda causa mais comum (23,4%) e apenas 10,5%, referem-se os participantes apenas a necessidade de maior interacção social.
O estudo permite fazer um retrato da população que frequenta estas instituições. A idade média dos inscritos é de 67 anos e são sobretudo mulheres (70%), de meios urbanos (84,8%) e com percursos de vida de algum privilégio que estão inscritos nas universidades seniores. A maioria exerceu principalmente profissões de especialistas, intelectuais ou cientistas (25,9%) e cerca de metade tinha completado o ensino médio (47,7%), aos quais se juntavam 11,6% de alunos com um curso do ensino superior. Na amostra de Ricardo Pocinho, não havia ninguém analfabeto.
“É um público privilegiado, com autonomia, com algum dinheiro e com alguns conhecimentos”, reconhece Ricardo Pocinho, que, na tese, coloca a possibilidade da “existência de uma barreira de potencial entrada” nas universidades seniores. “Estas universidades não pretendendo ser elitistas, são pouco inclusivas”, conclui.
O investigador defende, por isso, a facilitação do acesso a outra população idosa, para além destes círculos culturais, sociais e educacionais agora abrangidos. Pocinho admite, porém, que alargar a base de recrutamento destas universidades não é uma tarefa fácil e não só por responsabilidade destas instituições. “Há quem sinta vergonha da grande discrepância a nível de educação que pode haver em relação aos colegas”, conta. O investigador contactou com população que não frequentava estas universidades, mas vivia nos mesmos concelhos das instituições onde fez o estudo e apercebeu-se dessa realidade, sintetizada na frase de um dos seus entrevistados: “As pessoas que lá andam falam todas melhor do que eu”.
Os alunos das universidades seniores mostram uma média elevada de Satisfação com a Vida (25,9 numa escala até 35 pontos) e “escassos sentimentos de solidão” (28,66 numa escala de 18 a 72, em que menor cotação implica menor solidão). Os números recolhidos por Ricardo Pocinho indicam também ausência de sintomatologia depressiva (6,67) e ansiosa (6,65), duas escalas que vão até 30 pontos.
O estudo não fez comparações com outras respostas para pessoas na Terceira Idade, mas a maior parte dos respondentes já tinham estado ligado a programas de turismo sénior, voluntariado ou inscrito em centros de dia. “Todos identificam as universidades seniores como a resposta mais positiva para a sua saúde e bem-estar”, explica ao PÚBLICO Ricardo Pocinho.
A explicação pode estar num certo “clima de informalidade” que reina nestas universidades, que cria o que o investigador chama de “famílias escolares”. “Aqui as pessoas ajudam-se mutuamente, o conhecimento é baixado ao nível da prática e não há nenhum momento de obrigatoriedade de estudo”, exemplifica o investigador.
Portugal terá cerca de 500 universidades seniores em funcionamento. A Associação Rede de Universidades da Terceira Idade (Rutis) tem 280 registadas, às quais se juntam mais cerca de 200 associadas ao Rotary Club, bem como algumas instituições que não estão incluídas em nenhuma destas parcerias. Quantos aos números de inscritos, não existem dados além dos da rede Rutis, que apontam para 28.250 alunos matriculados, em 2011. No total das universidades seniores, a estimativa de Ricardo Pocinha aponta para 50 mil pessoas a frequentar esta resposta.
A maioria dos estudantes das universidades seniores inscrevem-se para aumentar os seus conhecimentos (47,1%), aos quais se juntam 19% dos alunos que indicam a necessidade de permanecer activo cognitivamente. O tempo livre surge como a segunda causa mais comum (23,4%) e apenas 10,5%, referem-se os participantes apenas a necessidade de maior interacção social.
O estudo permite fazer um retrato da população que frequenta estas instituições. A idade média dos inscritos é de 67 anos e são sobretudo mulheres (70%), de meios urbanos (84,8%) e com percursos de vida de algum privilégio que estão inscritos nas universidades seniores. A maioria exerceu principalmente profissões de especialistas, intelectuais ou cientistas (25,9%) e cerca de metade tinha completado o ensino médio (47,7%), aos quais se juntavam 11,6% de alunos com um curso do ensino superior. Na amostra de Ricardo Pocinho, não havia ninguém analfabeto.
“É um público privilegiado, com autonomia, com algum dinheiro e com alguns conhecimentos”, reconhece Ricardo Pocinho, que, na tese, coloca a possibilidade da “existência de uma barreira de potencial entrada” nas universidades seniores. “Estas universidades não pretendendo ser elitistas, são pouco inclusivas”, conclui.
O investigador defende, por isso, a facilitação do acesso a outra população idosa, para além destes círculos culturais, sociais e educacionais agora abrangidos. Pocinho admite, porém, que alargar a base de recrutamento destas universidades não é uma tarefa fácil e não só por responsabilidade destas instituições. “Há quem sinta vergonha da grande discrepância a nível de educação que pode haver em relação aos colegas”, conta. O investigador contactou com população que não frequentava estas universidades, mas vivia nos mesmos concelhos das instituições onde fez o estudo e apercebeu-se dessa realidade, sintetizada na frase de um dos seus entrevistados: “As pessoas que lá andam falam todas melhor do que eu”.
Sem comentários:
Enviar um comentário